JULGAMENTO

A sabedoria espiritual ensina que o homem deve ser cauteloso e justo no ato de julgar.

Quantas vezes a nossa mente é turvada pela ignorância, o ódio e a inveja, fazendo-nos emitir a opinião que fere.

Como é fácil a influência da paixão e de impulsos mesquinhos confundir o nosso coração calando-lhe a voz do bem e do puro.

Que uso se faz do orgulho, em momentos vários, a ponto de negar o certo e violentar a razão?

Quem desconhece a inglória covardia que conduz o homem a ferir e humilhar ao justo e aplaudir e consagrar o impuro?

A que levam os interesses subalternos da matéria e dos baixos instintos na definição das atitudes e no desencadear das ações?

Lembrai-vos, pois, irmão em vida: o julgamento humano é falho e vicioso, quando não inspirados nas lições supremas do Criador.

EM NOME DE DEUS

A queda espiritual do homem é conseqüência de seus próprios erros e de seus desatinos.

Nascido simples o espírito humano tem, desde os graus inferiores da escala, o impulso para ação sábia e equilibrada na existência.

A turbulência do mundo e o desequilíbrio das almas em disputas de ódio são fatos que alteram, em princípio, a potencialidade natural para o progresso espiritual.

Conseqüência de situações adversas criadas pelo próprio homem, em instantes de insensatez e obscurantismo, o orbe terráqueo transformou-se em área de conflitos e desastres morais.

Vistos do alto, nos planos elevados da inspiração divina, a Terra e a Humanidade se integram em regiões que transitam do caos à elevação moral.

Ficais alerta, pois, vós puros e mansos de coração, iluminados e eleitos do Senhor, para as grandes missões salvacionistas. Intensificais, vós que crêem na vida eterna, o trabalho dedicado de regeneração. Acordais todos vós que amam e perdoam para a missão a cumprir na terra em honra e em nome de Deus.

FELICIDADE

A felicidade está ao alcance de todos porque assim quis a magnanimidade de Deus. Ela não depende das riquezas e posses que apenas os privilegiados materiais obtiveram.

Ser feliz resulta apenas da atitude interior que dispõe a mente para a compreensão da vida no que determina as soberanas leis da Criação.

É feliz o que aceita seus caminhos e compreende o papel das limitações. O que sente a significação maior de todas as provações. E o que consegue ter o equilíbrio de agradecer o que lhe foi conferido sem perder-se nas ambições desmedidas.

Felicidade é olhar o valor e o lado positivo de todas as experiências vividas. É agradecer as bênçãos e favores recebidos, sem confrontar a sorte do próximo. É usufruir o melhor que lhe trouxe a divina providência sem olvidar o irmão deserdado.

Felicidade é livrar o coração de vícios e torpezas, ser simples e crente no Senhor, recebendo todos os eventos e testes com otimismo e fé na divina providência e na justiça eterna.

ADORAÇÃO

Através dos séculos os homens cultuaram os deuses simbólicos que geraram suas convicções. Nas estradas do tempo a humanidade tem se dedicado à adoração de imagens e representações de deuses e suas pretensas qualidades

Tudo como forma de buscar o próprio reconforto na glorificação de alegorias e representações materiais. E o homem insistiu e repete o mesmo equívoco de pretender representar Deus ou obter suas graças nas práticas formais de ritos e consagrações.

Deus, contudo, está acima das faculdades humanas de conceber e criar. Impotente é o homem na sua recriação simbólica. Frágil sua crença de concebê-lo externamente, distante e inatingível.

Deus está próximo, pelo contrário, ao alcance permanente na via da meditação e do pensamento, manifesto em suas virtudes de ordem, justiça e pureza universais.

E vivencia o divino aquele que reconhece o Deus presente em si mesmo e em todas as circunstancias existenciais, sintonizando pela prece silenciosa a excelsa bondade e as energias fortalecedoras do Todo Poderoso.

ENCONTRO MARCADO

É possível ao homem fugir por longo tempo e por toda uma existência do encontro que lhe desagrada ou contraria.

Pode o Ser evitar os semelhantes, recusar amigos e escolher convivências, buscar apenas aqueles que lhe são afins.

Adiam-se compromissos e quebram-se os pactos solenes, na manifestação quase absoluta de poder que faz ao homem pensar às vezes ser um semideus.

Capaz é o homem de impor suas leis, ser bárbaro e destruidor, impondo-se sobre os que lhe servem, e mesmo destruir vidas e as mais sólidas obras materiais.

Costuma-se falar em poder e prepotência, que alguns fazem das glórias obtidas, como se fosse prova de autonomia eterna e de plena liberdade de fazer.

Pode o indivíduo ao bem recusar, viver livre no mal e na loucura, fugir das leis dos homens e da própria consciência.

Não escapará, entretanto, no amanhã espiritual, ao encontro marcado com a Justiça Divina para revisão de todos os seus atos.

CONTRASTES

A vida oferece a quem observa, nos seus múltiplos aspectos e momentos, contrastes intensos e traspassados de ensinos. São lições claras para orientação do espírito em trânsito.

O comportamento dos seres em evolução, nos diversos níveis sociais e nas distintas culturas, reflete afirmações superiores da existência do plano espiritual onde as contradições desaparecem.

Seria inexplicável a discriminação existente, no reino animal, na graduação dos seres até a supremacia intelectual do homem.

Não haveria explicação para a díspare situação entre povos da terra, nos extremos da barbárie ao nível de pleno avanço tecnológico.

Difícil seria entender mesmo o contraste de poder e dependência, riqueza e pauperismo, saúde e insanidade, glória e obscuridade, felicidade e sofrimento, tão comum no largo palco da vida.

Injusta a existência dos contrastes sem valia, não fora a efetiva advertência de que em tudo há apenas a linha continuada da evolução – dos seres sobre a terra – a constituir um todo justo e providencial.


 

CONSELHEIROS

Errar é humano, diz o provérbio popular, justificando os equívocos da conduta do homem que se conduz pelos apelos e estímulos inferiores.

A terra, nossa abençoada escola, segue como a comunidade não evoluída em cujas manifestações preponderam os valores materiais.

E o homem imperfeito que prossegue errando em seus desvios tentadores, todavia, conta com a ajuda providencial dos conselheiros invisíveis.

São eles os espíritos guias e os anjos de guarda, que sugerem o caminho do bem e inspiram a ação purificadora.

Mensageiros divinos, espíritos benfeitores, persistem na missão de salvar, ainda que hajam as consciências seduzidas pelo mal, fascinados pelas loucuras mundanas, incapazes de ouvir a voz orientadora.

A graça divina concederá mesmo assim, no momento de despertar e reflexão do ser desgarrado, em resposta a cada apelo a ajuda redobrada, em cada oração a resposta salvadora, e nas grandes provações o bálsamo de luz confortadora.

DEUS

A harmonia universal das constelações e do espaço ilimitado que envolve as estrelas.

A surpreendente e deslumbrante ordem natural de todas as coisas e seres sobre a terra.

As leis impenetráveis que regem a vida e a sobrevivência eterna dos espíritos.

A sinfonia intraduzível da paz, do amor e do entendimento que une e amálgama todos os sóis e todos os seres que os povoam.

O enigma jamais traduzido ou explicado da origem e destino do infinito Universo.

A beleza revelada na vida deslumbrante na paz do Senhor.

Tudo isto sintetiza Deus, o Ser Supremo que rege todas as coisas, a Majestade de amor e pureza que inspira a alma e atrai a todos os espíritos para a vida Eterna.

DESPERTAR

Longo é o caminho que trilhamos,
nas jornadas da vida benfazeja...
Andamos à esmo e a muitos enganamos,
sem saber a alma o que deseja.

Noites e noites passam céleres e vazias,
corpo carnal impondo seus domínios...
ao espírito escravo, ante luzes fugidias,
sem o menor lampejo dos divinos brios.

Não é Deus o que foge e o que renega,
ao ser vivente a benção amorosa
e a luz que conduz a salvação.

Mas, nos erros e abusos o ser venera
muito mais a ilusória vida prazerosa
que o despertar puro da alma e coração.

O BEM SUPREMO

O amor expresso na atitude fraterna e permanente do homem em relação a seu semelhante.

A bondade integral que faz sentir no próprio íntimo os apelos e anseios do mundo de forma solidária.

A sabedoria excelsa de viver em espírito elevado sem fugir aos caminhos limitados da existência terrena.

A sensibilidade ampla por todas as dimensões e seres do Universo, no processo de superação do egoísmo e desprendimento espiritual.

A alegria pura e natural que permite ao homem, inspirado em Cristo, sofrer sorrindo e padecer perdoando crendo firme no amanhã melhor.

A paz de consciência que resulta do bem viver e do dever cumprido nas jornadas cotidianas.

A pureza do coração, que firmado na divina fé, não vê torpezas e misérias morais da humanidade para antever a esplendorosa alvorada da purificação.

Essas as qualidades que conduzem ao bem supremo: a salvação do Senhor.

O PERDÃO

Tormentosa é a vida do ser que se fecha na intolerância e nega a docilidade cristã expressa no perdão.

Fechar o coração na rigidez do castigo e da censura, alimentar na alma a intransigência do julgamento negativo, desenvolver na mente o vício da crítica árdua e tenaz, são fatores que conduzem à dor e ao arrependimento mesmo que tardio.

Jesus, em sua exemplificação na terra, insistiu na necessidade do perdão como fonte redentora da alma.

Cabe à humanidade, no torvelinho das lutas e ocupações do mundo moderno, buscar o minuto de reflexão e raciocínio sensato sobre a nulidade do julgamento frio que condena.

Certamente, ouvindo a Deus, deixará tocar as cordas do coração no despertar da bondade que estimula e permite o uso incondicional do perdão.

CONQUISTAS

Nada inspira mais a alma humana que o aceno de posses e conquistas. Move às íntimas forças do ser a vontade imperiosa de ganhar algo mais, novos tesouros, quaisquer que sejam seus títulos ou intrínsecos valores.

Ganha a mente, na escala progressiva do seu amadurecimento, uma única fórmula de ponderação, classificando eventos e matérias, idéias e pessoas, como acréscimos preciosos ao patrimônio de que se julga dono único e indiscutível.

Quando o coração vibra com mais força, na plenitude da vida e dos desejos, ainda é senhoril e insanamente que busca apropriar-se de seres e sentimentos, no debulhar de ilusões e prazeres.

Segue assim, num só apelo, busca de satisfações de posse, a alma humana impensada e irrefletida, até que um dia se lhe desperte a luz íntima que admoesta existir muito mais, bem mais além de vãs quimeras, o bem maior cuja verdadeira posse deve ser élan de toda a humanidade.

Sacudida por sublime revelação, acorda o pensamento em Deus, vibra o coração no amor, desperta a individualidade eterna e divina. E, além, nas brumas do passado equívoco e tortuoso, agita-se a esperança na forma salvadora do ideal em Deus e no amor universal.

Só então, num definitivo anseio e em justa trilha, joga o homem todas as quimeras e as conquistas, em troca do bem maior, a única jóia, o valor eterno que inspira o que eleva: a Grande Paz.

PAZ - (II)

Há lírico silêncio na noite avançada, entre manifestações da vida continuada. Estrelas há nos céus, e a luz tênue do luar, como molduras suaves do instante para sonhar...

Sentimentos vagueiam no espaço, enquanto forças se preparam para a materialização de resultados necessários a ação que desejaram.

São seres espirituais cintilantes, ao lado dos Espíritos missionários, que prestam fraternal ajuda aos irmãos em terra solidários.

Prossegue a noite sua marcha e tudo é tranqüila paz, graças ao desígnio de Deus que bem ao homem faz.

Silenciosa noite de bondade na justiça de Deus supremo, a embalar os justos em felicidade porque encontraram o amor eterno.

A ESTRADA LARGA

Somos hoje, mais do que nunca, convidados no mundo material a trilhar a larga estrada da ilusão. Por trás de luzes e alegrias difícil é perceber-se o abismo e a queda.

Assim, ao canto sedutor da permissividade, cede-se ao apelo da bebida, freqüentemente ressaltada como boa norma social. No decorrer do dia convivemos com o fumo e drogas, supostos símbolos de desenvoltura e modernidade.

Na vida social e no lazer, ressalta-se a promoção e o apelo da sensualidade e o desregramento sexual. Na disputa pela riqueza, admitem-se as ações impróprias e desonestas, fecham-se os olhos à moralidade e à probidade.

No julgamento das pessoas, valoriza-se o poder e a riqueza, criados pelo egoísmo, a ostentação e a vilania. No trato da própria personalidade, alimenta-se a vaidade, a inautenticidade, a sofisticação e o esnobismo.

No viver diário, deseja-se o turbilhão de eventos, a velocidade, os sons, as fugas em busca de fugaz ilusão.

Tudo isto porque larga é a estrada e fácil o caminho do prazer, do imediatismo e da perdição. Enquanto ao lado, disposta para todo que pondera, convida-nos a estrada estreita e pura de Jesus – que nos devolverá as agruras e sacrifícios em benesses de paz e harmonia.

REALIZAÇÃO PESSOAL

Há os que vivem eternamente infelizes porque não sabendo o que almejam, de profundo d’alma, passam a medir-se no confronto com os outros que lhe cercam.

Não raciocinam pelo que são, realizam ou já conquistaram, mas apenas comparam-se com os demais, sofrendo quase sempre porque apequenam-se ante os que eles julgam melhores, mais bem sucedidos ou mais prósperos.

Acostumados a olhar os que lhes parecem acima, menosprezam-se, lamentam-se, iram-se, como se tudo que já são ou detêm nada significasse, e assim ficam no círculo vicioso das lamentações sem nunca usufruírem o que Deus lhes deu.

Sensíveis aos ressentimentos e queixas, deixam-se induzir pelas referências e aconselhamentos maldosos dos que lhe alimentam a frustração, com exemplos de preterições, injustiças e falsas perspectivas.

Esses os exemplos percebíveis no dia a dia de muitos irmãos, que jamais se valorizam porque não concebem o que são, o potencial de seus dons e para que vivem na terra.

Irmãos carentes do aconselhamento justo para que busquem a posição vivencial mais sábia, com nova percepção das felizes oportunidades da vida e o a construção da base sólida em que devem situar a realização pessoal.

ESPÍRITOS DE LUZ

Os espíritos dos homens são os caminheiros em busca de progresso e de luz. Cada ser é uma individualidade espiritual a evoluir no sentido superior da divindade.

Existir na terra significa ter oportunidade de ascender de nível, possibilita a iluminação interior que conduz as almas para a felicidade transcendente.

Desta forma, a comunidade humana é constituída de seres que procuram, intimamente, o progresso moral que os fez retornar à vida. Procura apenas frustrada quando a existência terrena oblitera a visão e turva a consciência, afastando o espírito da razão primeira de sua encarnação.

Sobre todos, irmãos de vivência, perfilam os mensageiros do Senhor, os batalhadores do bem, os construtores das correntes positivas, os vigilantes guias dos seres em missão a terra.

São eles os Espíritos de Luz que, reflexos da Divina presença, derramam bênçãos e luzes sobre os entes em jornada terrena.

A NOITE DOS JUSTOS

O Espírito em vida, quando equivocado, é conduzido nas ambições e conflitos aos crimes maiores contra as leis divinas.

Cada dia há um saldo devedor maior, um novo conjunto de erros e uma lamentável mutação para o pior.

Entregue assim aos desenganos e frustrações, que a vida reserva aos que cegamente se deixam levar pelas ilusões do mundo, o espírito fica subjugado às trevas terrenas.

O sofrimento que lhe aguarda na vida futura, é antecipado em terra, como uma ajuda benéfica, para que ainda possa despertar e corrigir a caminhada fatal.

Ao que, agindo em contrário, limita-se aos ensinamentos divinos que foram legados à humanidade por Jesus, pode conceber que a justiça superior retornará com os prêmios de bem e de paz.

Ah, se soubessem, aqueles que se descaminham, quão bela e feliz é a noite dos justos! Certamente suas vidas, espelhadas nas vantagens e glórias reservadas nos planos superiores, voltar-se-iam para o caminho reto da elevação moral.

A NATUREZA

Deus criou o mundo e fixou as leis que regem todas as coisas. Estabeleceu o Criador as múltiplas e várias funções dos seres vivos e inertes.

Na natureza, compondo o quadro maior da beleza terrena, cada uma das entidades materiais ou animadas recebe seu valor próprio e inalterável.

Na fecundidade da terra e no profundo silêncio dos mares. Na força purificadora das árvores e vegetações e na beleza natural das flores.

Na majestosidade das montanhas e delicadeza dos prados. Na pureza cristalina dos regatos e na vibração dos grandes rios. No conjunto monumental de todas as coisas criadas pelo Senhor.

Está a natureza – paisagem para as experiências humanas, palco para o drama da humanidade – no cumprimento das leis divinas do Todo Poderoso, poderosa e silente, a exemplificar aos homens que não se pode fugir à ordem natural da vida sem o justo pagamento ao Senhor.

SALVAÇÃO

Não está na exteriorização religiosa ou nos excessos místicos de dogmas inusitados.

Não se obtém nas doações e esmolas distribuídas sem sentimento e elevação interior.

Não é produzida pela oração sem alma ou palavras bonitas que se não vivencia.

Não é concedida ao que age na hipocrisia e frieza do gesto calculado e interesseiro.

Não alcança o que nega e fere, nem o que odeia e tortura.

Não vem ao que desconhece o que é puro, belo, superior e eterno.

A salvação não se compra nas negociações terrenas de manifestações formais, mas na inspiração interior do bem e caridade que todos podem alcançar na graça do Senhor.

AUSÊNCIA

A existência vai ensinar-nos as mais ricas lições de sabedoria, em ciclos de aprendizagem que são impostos pela necessidade de evolução.

Sem dúvida, dentre os ensinamentos de vida ascendente, há ressaltando no conjunto, a constatação lógica que somente a valia prática de coisas e idéias acaba por indicar o justo caminho de elevação.

Menospreza-se o amor fraterno e verdadeiro, em fases de indiferença e egoísmo, mas, descobre-se a essencialidade quando falta-nos o amparo e o interesse amigo nos momentos de queda e insucesso.

Esquece-se da saúde física, quando excêntricas satisfações e prazeres são impostos ao corpo e à mente, mas, chora-se a falta de energia e equilíbrio quando o organismo padece e mergulha na faixa das enfermidades depuradoras.

Descura-se da prosperidade, quer ostentando-a sem pudor, quer negando auxílio ao carente , mas, lamenta-se a perda dos bens e posses quando a justiça divina submete-nos aos testes de carência e pobreza.

Desconhece-se a função da família, evitando assumir as obrigações próprias dessa instituição divina, para não estorvar os sonhos e aventuras pessoais, mas clama-se por ela quando, já desfeita a fraternidade familiar, chega à nossa porta a triste constatação de abandono.

Abjura-se Deus, no período ilusório de orgulho e vaidade, mas, busca-se a luz salvadora do Pai quando, chegada a hora de acerto, reconhece-se sua presença Justa e Eterna.

Nas lições da vida, em que nos falta tudo aquilo que tivemos com desprezo e indiferença, com abuso e egoísmo, a lição da ausência tem a mais eficaz das funções regenerativas.

UNIÃO

A harmonia não é gerada acidentalmente, mas requer muitos fatores contributivos para sua conquista.

Essencial ao bem-estar humano, como a toda ordem nos planos existenciais, a harmonia é conseqüência da capacidade efetiva de associação entre componentes diversos, relevados os conflitos e as divergências ocasionais.

Na coletividade humana, harmonia é resultado de mútua identificação entre pessoas e entre grupos, capazes de entenderem a solidariedade natural de toda a espécie.

Harmonizar-se é evidente sinal de evolução inteligente, pois, revela a percepção lúcida do sentimento de União maior, no plano horizontal da humanidade, e no plano vertical do divino.

A existência ganha em qualidade, o ser cresce em dignidade, o mundo se ilumina, pela simples geração da Harmonia que destrói implacavelmente o caos.

Eis assim uma meta, digna por excelência de todos os esforços humanos: unir e harmonizar-se para um mundo melhor e uma vida sábia e feliz.

EMPENHO

Em tudo que fizeres, no campo do bem, dedica-te de pleno coração.

Nunca encontrarás ações mais compensadoras e meritórias que as construções benéficas no campo do amor.

Libera todo o teu potencial quando estiveres frente a grandes oportunidades de servir.

Confia todos os teus recursos à Divina providência, se tiveres necessidade de utilizar alguns bens em favor do próximo.

Fundamentalmente, não temais e nem vaciles quando o apelo de tua alma for em favor dos humildes e desamparados.

Lembra-te que tudo que fizeres por amor ao próximo render-te-á dividendos preciosos na infalível contabilidade do divino Pai.

PERDOA!

A alegria maior está em dar-se o perdão a tudo que nos tenha ferido, humilhado ou prejudicado, conflitando-se com nossos ideais e esperanças.

São nos tropeços e óbices que se avultam ao homem, em sua jornada, as mais expressivas oportunidades de enriquecimento e expansão espirituais.

Ferido no âmago do ser, atormentado por apelos de vindita e retaliações, angustiado pelas frustrações inopinadas, o homem ver fragilizado o potencial de sua alma, e cede à intolerância e o desamor.

Nesse estado de agudo sofrimento, confrontada a realidade de agruras com a tranqüilidade perdida, pode o homem reavaliar os sentimentos, ponderar, refletir e voltar-se para a paz.

Na iminência da queda em abismos tortuosos de ódio, pode a alma redescobrir a Paz no caminho da tolerância, da fraternidade e do perdão.

E ao perdoar, oportunidade bela reaberta por Deus, superando testes de convivência e compreensão, volta afinal a dar passos mais acelerados e virtuosos rumo à felicidade.

CONTRADIÇÕES

Nem sempre é o amigo quem ajuda e orienta, mas o adversário que tenaz e duramente caustica nossa vida com o verbo inclemente de crítica e menosprezo.

Nem só a luz traz a verdade e o ensinamento, pois as sombras e o negrume falam muito da beleza eterna das paragens luminosas e da alegria do festival divino de estrelas cintilantes.

Não é apenas o bem-estar que dá felicidade, mas também a dor e o sofrimento cuja ação corretiva e providencial retira-nos de experiências gravosas nas quais muito mais sofreríamos.

Não há alegria apenas no convivo dos irmãos saudáveis e serenos, mas igualmente no contato estreito dos que sofrem e mesmo assim irradiam confiança no amanhã.

Não se concretiza a caridade salvadora apenas na opulência, pois é no pequeno óbolo material e na doação de sentimento límpido que muito mais se fortalece o coração.

Nem sempre a elegância das palavras e a profundidade dos conceitos realizam o máximo, mas vem de almas simples a afirmação singela e a imagem franca que mais impressionam.

Nem tudo que é divino procede dos privilegiados de coração, porque mesmo os espíritos obscuros são aptos a despertar para o amor e doar o bem.

Pelos caminhos da vida repetem-se as surpreendentes formas de realização dos objetivos divinos, confundindo os julgadores intransigentes, já que, para Deus, todas as vivências são meio de evolução e progresso espiritual.

INOCÊNCIA

A doce alegria do prêmio conquistado nas primeiras revelações de talento.
O simples gesto de pretender parar o tempo e eternizar a felicidade momentânea.
O sorriso espontâneo, pairando nos lábios, quando muitos se esquecem de sorrir.

A doação integral das próprias alegrias como forma de ao mundo fazer feliz.
O desejo de seguir com os companheiros irmanados, evitando as despedidas e o esquecimento.
A singeleza da linguagem, mesmo ante os eruditos, na exteriorização de crenças e anseios.

A esperança de jamais ofender e nunca ser ferido, na certeza de um puro coração.
A mão estendida aos que se achegam, sem identificar cores e temer riscos.
O interesse incansável de servir, sempre pronto a atender o apelo e cumprir a missão.

A melodia libertada de harmonia excelsa, embalando a vida em ritmo divinal.
A alma isenta de impurezas, identificando-a com a sublimidade dos anjos.
Inocência – é estado de espiritualidade pura permeando todos os lances da existência.

VIDA ETERNA

A grande ilusão que conduz as almas humanas ao abismo do insucesso e sofrimento é a de que a vida terrena é a única e finita realidade, e nada lhe sucede.

Vista em si mesma – na insignificância de algumas décadas – a vida é palco de injustiças e desencantos.

Daí as almas insatisfeitas tentarem conquistar, a qualquer preço, a felicidade fugaz das ambições desmedidas.

Em termos de uma vida, limitada em tempo e em recursos, os homens confundem-se em objetivos mesquinhos e conquistas efêmeras cujas glórias pesam mais que enobrecem.

Outros, mais despertos, voltados à Deus e meditando em Cristo, pressentem que a única riqueza e glória, o máximo fim e a felicidade suprema, não se encontram no tempo fugidio da vida terrena.

E podem assim iluminados pela espiritualidade, conduzir as paixões do mundo e acumular créditos e merecimentos que lhes assegurem a maior conquista: ser feliz na Vida Eterna do amanhã espiritual.

LUZ INTERNA

O homem, em evolução sobre a terra, aprendeu a criar e desenvolver os meios materiais para o seu bem-estar.

A vida terrena transformou-se desde os primórdios até os nossos dias, nos períodos históricos vividos pelo ser humano, numa linha ascensional de conforto e segurança.

A inteligência humana pontificou no trabalho criador. Invenções e descobertas trouxeram os prêmios e recompensas ao labor construtivo.

Infelizmente, observa-se na linha evolucionista através dos tempos certos equívocos elementares da alma humana, agravada pelo fascínio da civilização tecnológica.

O primeiro engano é o de não reconhecer em Deus a força maior que ajuda e salva. O outro equívoco, de conseqüências lamentáveis, a contínua busca exterior de sua segurança espiritual quando ela está ao alcance em si mesmo.

Simples seria, através da fé fortalecida, encontrar a Luz divina interior, força e poder transcendental, que permanentemente alimenta e conforta o Espírito em sua busca de paz.

HUMILDADE

Deu o Senhor a todos os seus filhos um exemplo que deveria ser gravado, na eternidade do sentimento, como lição mais preciosa.

O exemplo de uma vida orientada na simplicidade, no bem e no amor, a que levou seu adorado filho, trazido à coexistência humana.

Foi Jesus a lição concedida, e nela destaca-se em linhas vivas de luz radiante, a Humildade.

Ser o simples entre os grandes, o esquecido entre os estrelares, ser apenas um espírito purificado no anonimato, é a memorável lição que nos foi concedida.

A humildade pura e autêntica, proativa e não subserviente, frutifica em bênçãos para a humanidade e eleva o espírito direta e sublimadamente à graça do Senhor.

CONSCIÊNCIA

Quando vacilamos nas caminhadas da vida, enfrentando um obstáculo ou temendo um perigo, há a voz íntima que esclarece.

Se deixamos os passos conduzirem a zonas de erro e áreas de sombra e ilusão, vem o conselho que retifica.

Enquanto embalados em euforia e exaltação, na marcha febril das terrenas conquistas, traz o apelo íntimo a reflexão que depura.

Nos círculos fechados do ódio e desamor, voltados para o conflito e impotentes para ver, ainda existe a advertência que pacifica.

Quando perdidos na cegueira do egoísmo, a todos destruindo e a ninguém querendo, resta, contudo, a luz que adverte.

Se caímos no poço de amarguras e espalhamos tristezas a toda a existência, persiste a afirmação de esperança.

Enquanto presos à terra e a seus apelos, negando Deus e refutando a alma, ressoa a eterna palavra do Senhor.

Há, portanto, em todos os momentos e em cada estado d’alma, acima do vulgar e do nocivo, da fraqueza e da indiferença, uma força maior a clamar e a pedir salvação à nossa consciência.

VIDA E AMOR

A vida é uma dádiva divina que, atendendo a necessidade dos reencarnes para o espírito em evolução, estabelece a possibilidade do retorno à experiência humana.

É a vida cumprimento de lei divina, como forma de expiação de mal cometido e não resgatado ou como oportunidade de progresso que o espírito requer para elevar-se à planos superiores.

É também concedida aos espíritos que voltam para a missão do exemplo e da ajuda aos que se perdem na escuridão secular que abrange toda a órbita terrestre.

Vida é o dom concedido por Deus para a evolução, estágio de aprendizado e correção de desvios decorrentes da imaturidade espiritual.

Quis Deus que a nenhum espírito faltasse a felicidade da redenção em luz e paz.

E ensinou em sua mensagem, no imo das consciências, e pela exemplificação de Jesus, que a vida é amor sublimado, ilimitado e universal.

Quem ama encontra a lição de viver. E amando ao próximo, à natureza e a Deus, pode antever a glória da ressurreição para a vida eterna no plano divinizado do Senhor.

HORIZONTES

A visão humana tem limitado alcance ao perscrutar os horizontes físicos que revelam tormentas ou bonanças. O espírito, todavia, em visão interna e divina, antevê horizontes mais longínquos e ilimitados.

Na existência estamos freqüentemente a guiar-nos pela limitação visual de perspectivas. Colocamos nossos roteiros nos limites rígidos do espaço físico que nossos olhos já viram.

Outras vezes dilatamos os horizontes àqueles fixados no próprio mundo, ajudando a mente à visão, no traçado imaginário de andanças e aventuras.

Alguns se satisfazem com os estreitos espaços desse pequeno mundo. Não alçam as inspirações anímicas, os vôos libertadores que descobrem outras moradas e esferas inumeráveis do universo.

Sofre, efetivamente, o que não se liberta em espírito, reduzindo seu campo de percepção e limitando as esperanças de alegria vivencial.

É feliz, plenamente, o que reconhece no espírito a essência da vida e abarca as novas dimensões existenciais.

Quando encontramos a revelação espiritual tudo se ilumina e amplia – podendo mesmo, nos limites de um pequeno aposento, realizarmo-nos nas viagens pelas amplitudes harmoniosas da alma e da vida celestial.

DAR

Dar ... ao que se desespera, a palavra de conforto e orientação.
Ao que odeia e agride, a luz que acalma e disciplina;
ao que se humilha e sofre, o reconhecimento de dignidade e consolo.

Dar... ao que peca e delínqua, a verdade das penas que lhe aguardam.
Ao que teima e reincide no erro, a advertência para a salvação;
ao que tem fome e sede, o alimento e o líquido que fortalecem.

Dar... ao faminto de afeto e calor, o amor fraterno que reconforta.
Ao que descrê em Deus, a evidência da bondade divina;
ao que blasfema, a oração que o salva para a vida eterna.

Dar... ao que se prende à vaidade e orgulho, o exemplo edificante da simplicidade.
Ao que nos fere e ofende, o perdão inspirado em Jesus;
ao que busca uma luz, a atenção de nossos sentimentos.

Dar... ao poderoso, nosso respeito alicerçado no valor do espírito;
ao humilde, nosso carinho refletido nas palavras cristãs.

Dar a cada instante, a cada evento, para cada semelhante, algo de nós, no mais puro dos anseios, é o exemplo maior de caridade.

OCIOSIDADE

A característica essencial do homem é a atividade produtiva. O ser, dotado de princípio intelectivo que estimula a criação, deve liberar as energias criadoras que se aplicam ao desenvolvimento de áreas específicas da vida terrestre;

Criar as riquezas que elevam os níveis existenciais da humanidade e ajudar a evolução do conhecimento tecnológico, são contribuições válidas do espírito em ação. Impulsionar o avanço coletivo, na descoberta de novas fórmulas e instrumentos, é ajuda que se dá e que nos rende benefícios nas altas esferas.

A atividade do homem é benção de Deus e, portanto, recurso de purificação se voltada ao bem. Serve à Deus todo o que dá a força do seu trabalho, a energia de sua mente e a inspiração da alma, na ação meritória de ajuda, no esforço criativo das obras materiais e das grandes jóias do espírito.

Mente e corpo são destinados à produção de benefícios na terra. Equivalem-se na expressão superior tanto o que usa a energia física na busca de resultados materiais produtivos, como o que elabora na cultura e na arte as obras expressivas da civilização.

Conclui-se, pois, ser a ociosidade injustificada, a improdutividade voluntária e vazia, falta lamentável a ser revista, por ser a negação dos objetivos construtivos e reparadores da vida humana.

DEPOIS DA TORMENTA

São momentos dramáticos e desesperadores os que vivemos nas procelas da vida, quando a alma se agita no torvelinho de paixões e a mente quase sucumbe nos limites vulneráveis de sua lucidez.

As tempestades existenciais, a semelhança dos açoites traiçoeiros das ondas no oceano envolvendo naus frágeis e desgovernadas, colocam as almas em redemoinhos de idéias e sensações onde, com maior intensidade, preciso é agir com rapidez e clareza.

A mente deve encontrar a luz que aclara e aponta a melhor saída, assim como um farol que adentrando trevas e negrumes oferece o rumo providencial à embarcação ameaçada.

O coração deve lançar impulsos de apelos aos cuidados e à proteção espiritual, como os sinais de comunicação esperançosa da nave em busca de alguma fonte de salvação.

As crises tormentosas da vida agitam, abatem e ferem o nosso espírito, mas, ainda mais necessariamente deve a energia íntima da fé ser despertada para os fluxos de ajuda.

É voltando-se para Deus que recebemos a sugestão da atitude melhor e a inspiração de mudança, graças aos espíritos fraternos que nos atendem no dissipar das grandes ameaças.

Busquemos sempre a Deus nos dias de tormenta, sem esquecer, na serenidade que lhes seguem, de renovar o pensamento dirigido às Altas Esferas no reconhecimento da proteção concedida.

O CAMINHO DA FÉ

Deus na sua sabedoria plena traça para todos os espíritos em terra um roteiro de construção do bem e da paz cristã.

Aos espíritos encarnados é concedida a consciência de que a vida tem, acima de tudo que a mente humana pode conceber, um destino maior traçado na vontade soberana do Senhor.

Assim é que o espírito em terra deve encontrar, em certo momento de sua caminhada, a necessidade de indagação que lhe revelará a Luz que é o caminho.

A Luz que o elevará a Deus e a confiança superior na vontade divina, realizada com a graça e o acompanhamento dos bons espíritos.

A iluminação interior que revela a força da fé, o passo decisivo que permite alçar o plano da espiritualidade e encontrar-se com o Cristo que salva e guia.

A nossa meta é a Luz que nos leva ao caminho redentor de fé, da fé suprema na bondade divina ilimitada ainda inconcebível na limitação da percepção humana

Procuremos, pois, a Fé que salva, a Fé que redime, a Fé que conduz à graça de Deus.

QUANDO VOLTARMOS

Quando voltarmos ao Pai, deveremos ter a alma pura e deixado as faltas reparadas.

Nossas vivências deverão ter sido cumpridas no desejo da ação certa e do ato válido.

Devem nossos sentidos ter assumido a lucidez da vontade superior, aceitando da vida as dores e revezes, oferecendo em troca o exemplo cristão de resignação.

Cultivemos, destarte, o comportamento mais digno e elevado, na escalada a níveis de grandeza espiritual e harmonia absoluta.

Melhorar é a fórmula salvadora, melhorar superando as falhas e erros, crendo integralmente em Deus que nos espera no devido tempo.

Busquemos identificar as nossas máculas e desde já, o mais pronto e breve, apagá-las no livro da vida.

Para cada falta lembrada, redobremos os bens oferecidos. Em cada erro cometido, procuremos compensá-lo em multiplicação de bondade.

Urge não esquecer... Quando voltarmos ao Pai, em espírito livre e renovado, espera-nos o labor continuado que conduz à felicidade eterna e o amor perene.

FORÇA DO AMOR

Há no espírito uma fonte de luz que gera todas as bonanças.

É o Amor que libertado em vibrações fraternas edifica o bem e traz a purificação.

Amar, em jorros de luz e em hinos de pureza, a cada ser e a todas as coisas, é descobrir a sabedoria universal.

O amor é a união de tudo no infinito, é a harmonia do conjunto cósmico, é a força que embala as estrelas e move constelações.

Saber despertar o amor, levando-o à construção do bem e pondo-o ao serviço da fraternidade, é encontrar a si mesmo na divina essência intelectiva espiritual.

Usai, pois, a força do amor na concretização de seu mundo interior de luz e para antecipação sublime das glórias celestiais da paz eterna.

VIDA E IDEAL

A alma em sua missão terrena dirige-se para objetivos não antevistos e imaginados pela consciência. O ser que se molda e evolui na terra não recebe, através dos seus sentidos, a antecipação de fatos que serão marcos em sua vida.

É a evolução que coloca o ser encarnado ante as decisões maiores que explicará intuitivamente, o sentido dos caminhos opostos que se lhe apresentam. A opção é resultado do livre-arbítrio concedido e respeitado pelo Senhor.

As alternativas levam a fins diferentes e trazem conseqüências diversas. Saberá o espírito, por intuição divina, que apenas um caminho o conduz ao ideal maior traçado na véspera da reencarnação.

Os outros caminhos são meramente mundanos e enganosos, atendem aos apelos terrenos e aos interesses transitórios do ser na terra. Contrariam a sublimidade da missão desejada e prevista pelo espírito que volta.

Conciliar experiências em vida e o ideal sublime definido com os bons espíritos é a maior sabedoria vivencial. O que se conseguirá, buscando elevação espiritual e progresso moral. E voltando-se para Deus na lembrança atávica da origem pura e no anseio superior do destino providencial.

CONFIAR SEMPRE

O erro grave do homem, na jornada vivencial, tem sua origem na alimentação das dúvidas e temores, a gerar intraqüilidade e tensão.

Aquele que não confia mergulha sua alma no abismo torturante das apreensões e dos pesadelos.

Sem confiança não pode existir a paz interior e tudo ao redor passa a gerar sombras fantásticas e alucinantes ameaças.

Incapaz de crer no próximo e ver serenamente as situações, torna-se o homem escravo da insegurança e agressividade.

Tudo porque sem confiar, incondicionalmente, em si mesmo, nos homens e na vida, em Deus e na divina providência, a luz se esvai e o amor fenece.

Confiança é a base maior para a construção da fortaleza moral que liberta o homem e enriquece o Espírito.

MANHÃ DE SOL

As sombras da noite se dissipam e o sol desperta para uma manhã de luz.

A mãe terra acorda para a jornada de serviço em benefício dos homens e em louvor ao Senhor.

Dir-se-ia que tudo canta: os mares, rios e torrentes líquidas que serpenteiam na terra.

As florestas virgens, os campos e bosques, acolhem o homem no colorido natural e belo das vegetações.

Os montes e cordilheiras, a terra aberta pelos caminhos e vias de ligação, são palco para o desempenho da espécie humana.

A energia se manifesta plena na natureza, animando todos os seres e espécies da criação, na manhã de sol bela e vivificadora.

Contudo, indiferente ao esplendor do sol e à grandiosidade da vida, há o homem que segue sombrio e sem horizontes, até que a voz divina lhe desperte para sua grande missão.

TOLERÂNCIA

As almas humanas buscam-se no desejo de apoio mútuo e compreensão.

A própria vida obriga que os homens se interdependam, agrupando-se seres heterogêneos e algumas vezes conflitantes, a exigir ainda mais amor e tolerância.

A palavra divina, pregada na vida exemplar de Jesus, recomenda que se busque a caridade também no sentido do entendimento.

Saber viver com irmãos, acompanhando-lhes os passos e ouvindo-lhes as dúvidas e convicções, é uma qualidade divina.

Entender ao próximo, independente de sua expressão vivencial, quer seja amigo ou adversário, é melhoria íntima que dignifica.

Poder aceitar aos outros como são, compreendendo os desígnios de Deus e nossa missão de ajuda, é alcançar a sabedoria do bem viver.

Está assim, a tolerância – condutor do entendimento franco e da concórdia, entre os meios preciosos de exercer a caridade redentora.

AFETO

A vida requer o toque do amor para ser bela e esplendorosa.

Nada se constrói sem a vibração vinda do coração que se une a todos os sentimentos fraternos.

A existência é escola de cooperação onde cada um cresce na medida de sua capacidade de doar-se.

Compreendendo os semelhantes, que compõem conosco a linha existencial, haveremos de conquistar mais felicidade pelo amor.

Com todos os recursos materiais disponíveis, ainda assim não se obtém a paz e a felicidade, que decorrem apenas dos sentimentos da alma.

Aqui e agora, ontem como sempre, onde formos ou onde estivermos, há apenas uma meta plena e enriquecedora: vivenciar o amor na escala maior de nosso afeto espiritual.

QUEM DERA...

Quem dera ao coração pulsar forte e resoluto na reivindicação do amor eternizado.

Quem dera ao pensamento veloz abranger a pura verdade da chama vivencial.

Quem dera ao corpo forte integrar-se às vibrações genuínas do Espírito.

Quem dera ao braço firme realizar obras meritórias e sempre apoiar ao próximo.

Quem dera ao tempo vivido consagrar-se ao bem e à paz por toda a eternidade.

Quem dera à mente lúcida abrigar somente desejos excelsos de harmonia e elevação.

Quem dera à vontade manifesta insistir no amor à vida e ao próximo.

Quem dera à natureza abrigar a humanidade evoluída a elevados graus de perfeição.

Quem dera ao mundo embalar-se na melodia da paz celestial.

Sonhos ou quimeras alimentadas pelos espíritos superiores, o bem e o amor, a paz e a harmonia, são conquistas realizáveis na proporção em que, na face da terra, se alterem os critérios de comportamento e de ação.

Ilusões ou utopias proclamadas pelos espíritos benfeitores, a felicidade e a pureza, a fé e a luz, são possibilidades redentoras na condição de busca, na vida material, dos eternos dons divinos contidos no fenômeno existencial.

HARMONIA - (II)

Deve-se buscar o entendimento da nobre missão vivencial que aqui cumprimos.

Somos seres eternos que mergulhados nos planos vivenciais, terreno e espiritual, cumprem a vontade soberana de Deus.

Ao nosso lado, nos dois planos, seres semelhantes a nós aparecem como familiares, amigos, companheiros, desafetos e adversários.

Todos eles, porém, são detentores das mesmas necessidades essenciais, dos mesmos anseios, angústias e esperanças.

Se nos colocássemos no lugar deles, perceberíamos a imensa gama de pontos de identificação e similitude entre nós, características que nos irmanam e integram.

Um ser é espelho de todos os outros, em sua pequenez ou grandeza, merecendo o tratamento justo e equânime, na medida exata do que desejamos para nós.

Ao longo dos séculos perdura o ensinamento sábio de Jesus: Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo...

Lição que precisa ser refletida e vivenciada, agora e sempre, para que se constitua a verdadeira fraternidade universal alicerçada sobre a harmonia de todos os corações.

TALENTOS

Há formas várias de fortalecer a alma com a utilização de talentos pessoais na vida transitória.

Uns festejam a inteligência racional, exercitando-a em torneios mundanos onde sofismas e irreverências prevalecem como instrumento de realização. Outros, mais ponderados, equilibram o intelecto ao sentimento traçando roteiros luminosos de progresso pessoal e coletivo.

Aqueles consagram o poder físico, utilizando-o como instrumento de domínio e conquista, no uso hábil de força exibida aos mais frágeis e temerosos. Estes, bem refletidos, usam as energias pessoais em benefício dos companheiros combalidos.

Alguns proclamam a riqueza obtida, qual evidência de superioridade, dissipando-a nas motivações do supérfluo, do luxo e da ostentação. Outros, mais sensatos, utilizam a dádiva material como empréstimo divino a ensejar-lhe o progresso harmônico pessoal e do próximo.

Estes situam a beleza física no superlativo, hipnotizados pelo fascínio dos olhos materiais, alimentando quimeras de conquistas e prazeres. Outros, mais puros, refletem a transitoriedade do corpo carnal, precioso mas perecível, valorizando muito mais o Espírito eterno que lhe anima.

Talentos são empréstimos providenciais do Divino Criador a exigir uso sábio no campo das realizações terrenas.

OPORTUNIDADE

Quando vires a mão da providência colocar um carente de ajuda à tua frente, corre sôfrego para assisti-lo, pois esta é a ocasião de progresso para teu próprio espírito.

É importante que se aproveite os ensejos de ajuda, as imprevistas oportunidades de serviço, já que não sabemos o quanto nos resta de tempo nesta vida.

Sempre que a tua existência for marcada por apelos heróicos de doação ou singelos chamados à modesta caridade, vê aí o dedo do Supremo a sugerir o caminho da fraternidade.

Saber dar a justa resposta, aos testes da nossa íntima capacidade de amar e de servir, consistirá em renovada conquista espiritual que iluminará a estrada ascendente.

Somos todos chamados as verificações do aprendizado fraterno nos exames da justiça divina, como desfecho às lições recebidas na vivência humana.

Se fores capaz de entender a significação redentora da oportunidade de servir, atende presto a quem te procura e, a seguir, de mente elevada, agradece a Deus não te negar a preciosa função de ajuda!





 

A VOZ DO ALTO

Embora pareça simbólico, na linguagem mística, o Alto é realidade consubstanciada em planos elevados de existência espiritual com suas progressivas zonas de manifestação do Espírito eterno.

Organizados segundo critérios de purificação e esclarecimento, os Espíritos, criações divinas, atuam conforme seus recursos próprios e aquisições autênticas, em experiências vivenciais do plano físico ao etéreo.

Chamados ao labor contínuo, os Espíritos respondem como lhes sugere a própria consciência, apesar de a força atrativa para a frente e para o Alto que conduz ao progresso irrecusável.

É verdade que nem sempre a jornada é franca e o caminho reto, mas, em certo ponto há o despertamento dos sentidos para a urgente reforma íntima que ensejará a aproximação às correntes do bem.

Evento feliz que confirma nada existir perdido de todo, irremediavelmente fracassado ou fatalmente caído, já que as alvoradas sucessivas são renascimentos espirituais a oferecer novas chances de redenção.

Situados no campo rasteiro da terra, qual corpo prisioneiro do magnetismo planetário, o homem é também Espírito etéreo que se liberta, noites e noites, em aprendizagem da livre vida espiritual, até o crucial lance do desencarne.

Constata então a diferença das faixas vibratórias inferiores e as camadas elevadas da existência astral que culmina nas luminosas paragens do Altíssimo e divino Criador.

A Voz do Alto ali está, majestosa e sábia, indicando a transcendentalidade de Deus – fonte suprema da Vida e do Universo.

SILÊNCIO!

Busca o refúgio de tua alma e recebe o refrigério da Paz divina imanente.

Serena o impulso ego transitório, analisa tua personalidade mundana, e reconhece o Espírito refulgente no âmago do Ser – tua Verdade Eterna.

Afasta o torvelinho existencial, pondera a insignificância de orgulhos e ambições, e descobre a riqueza imperecível de tua essência espiritual.

Observa a vida terrena que passa como um drama, instrutivo nas encenações de papéis contraditórios e na figuração de atos pungentes.

Percebe no mais além da dimensão da Alma a verdadeira vida eterna e vigorosa, onde tu constróis a grandiosidade do amanhã.

Cessa tua agitação e silencia no refúgio interior do Espírito, colhendo a luz fortalecedora do manancial eterno.

Deus te assegura o retorno de paz e felicidade, se já podes senti-lo, desde já, manifesto no Silêncio da Alma.

SIMPLICIDADE

Não busques a efêmera grandeza que ostenta soberbia, porque no caminho oposto da simplicidade está a felicidade pura.

Não te iludas com as glórias mundanas que te atraem venenosamente, porque no silêncio da realização justa e consciente é que está o galardão eterno.

Não procures os êxtases das festivas orgias corruptoras e fulgazes, pois na íntima realização do banquete espiritual existe a mais permanente glória.

Não queiras ser o julgador intransigente que domina semelhantes e explora irmãos, mas vê como é bom ser simples e fraterno, igual e solidário, na comunidade do bem.

Não tentes enganar aos outros e a ti mesmo com posturas exteriores que não refletem tua verdadeira essência, mas alcança a harmonia na identificação permanente e franca com teu Espírito.

Por todo tempo, em toda parte, em qualquer situação, na constatação dos caminhos opostos, busca sempre a Luz e verás que no simples e puro convive o belo e o harmonioso, o divino e o Eterno.

CONFIEMOS

O testemunho dos séculos, marcados pela lenta evolução do homem, atesta que Deus nos chama para a grande ascensão.

A humanidade escreveu na progressiva mudança de estágio é já é capaz de sentir a grave distorção em que vive.

Aprendizes da convivência fraterna, alunos primários da sabedoria divina, contudo, somos seres que despertam para mais amplos horizontes.

Visível é a transformação dos períodos de primitivismo e barbárie, até a moderna vivência entre contradições e buscas.

O homem alçou novo patamar de cultura e tecnologia, mas também já é capaz de perceber a pura existência do sentido transcendental e religioso da espécie.

Protagonistas dessa majestosa epopéia de evolução, na longa série de reencarnações regeneradoras, hoje percebemos, no íntimo do ser, que estamos no portal de luz de uma nova era.

Confiemos em Deus e nos coloquemos à disposição dos novos tempos de construção de paz e amor.